sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

... Nos Trombamos



Maratona

Aí, o olhar ficou abrangente
Ficou abrangente e carregado
Da melancolia dominical
Da melancolia e do topo
Duma montanha curta montanha meio verde
De uma porção de árvores tropicais e verdes
E um céu rosado cubano de Havana
E da quietude...

Pra uma praia, balneário, talvez
Lá do Sul do país do Brasil
Lá pra umas seis horas e lá vai minutos
Numa manhã que choveu há uns dez
E a rocha quase preta porque a água
Bate nela da onda do mar
Que carrega uma doçura meio infância

E uma fogueira
Vestígios e retalhos de vida humana verdadeira
Diálogo alegre por ser alegre
E algumas garrafas de vinho ao redor
Sem todo aquele ar carregado do dia-a-dia-a-dia
E uma covinha no sorriso
E alguns pedaços de docinhos americanos
E a leveza de uma pluma

Um jardim urbano com um violão e tal
E um inverno tropical de dimensão dos pólos
E uma canção Louis Armstrong ou Chet Baker
E cachecóis e jaquetas e moletons
E seco, seco, seco,
O ar
E a garota, com seu sorriso aberto
De dentes abertos e de voz grossa e de jeito muleca
E seu andar todo diferente

E as garotas de duas dezenas
De primaveras e de invernos dos pólos
Preenchidas de maturidade e de saturação
Diferente de todas elas
E sua mochila nas costas e sua arte inocente
E seus tênis e não seus sapatos
E seus brincos de praia não-diamantes

Corre, corre, corre, corre

Para um jardim urbano, litoral catarinense
Pra floresta cubana, ou qualquer lugar mais perto do mundo
E nos trombamos nos meridianos
E nos desertos chilenos e nas constelações
A diferença é que ela corre
Pra qualquer lugar mais perto do mundo
E eu corro o contrário

E nos trombamos...


Fábio Visnadi


ps: não poderia indicar outra música além de "Todas Elas Juntas Num Só Ser" do Lenine, regravada recentemente pela Ana Carolina, apesar de preferir a versão original, indico a releitura por compor uma das faixas do cd: "Ensaio de Cores", novo projeto da cantora, no qual faz a junção de duas artes, pintura e música.


ps¹: quanto a poesia só declaro que neste mundo existem acontecimentos, fatos, que não entendemos, duas almas distintas saber que se encontrariam, mesmo sem se conhecerem, quem explica? Eu não sei, mas agradeço, por saber dessa existência que vai além da minha filosofia.


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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Quem Explica?


Ana amava Roberto que amava João
João e Roberto namoraram
João deixou Roberto pois se encantou por Carol
Tiveram um filho
Roberto reapareceu
Novamente com João se envolveu
Carol adoeceu
João por anos sofreu
Que de tanto remorso morreu
Lucas que não tinha culpa de nada
Foi criado por Ana que ainda amava Roberto que ainda amava João



ps: uma das músicas que mais gosto do "Mutantes": "It's Very Nice Pra Xuxu", mas apesar de preferir a versão original indico a releitura feita pelo Marcelo Jeneci, pois piano por si só já é digno de atenção, tocado por esse multi-instrumentista mais ainda...

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

My Girl


Casa cheia, presentes espalhados pelo quarto, o que ganhou, comprou, faltou, eram os assuntos do café da manhã durante essas semanas.

Café da manhã, tá aí, lembro-me bem que eles sempre foram o início da diversão de todos os nossos dias, acordávamos com a mãe trazendo nossas mamadeiras para dar início às competições. Inúmeras vezes você me deixou ganhar, para eu não chorar e ficar emburrada, como uma criança mimada que eu sempre fui.

Era divertido ver você chegar da escola, pois sabia que quando fosse fazer sua atividade eu ficaria ao seu lado, perguntando o que era e do que se tratava. Quando maior, eu na mesma escolinha que você, lembro de você indo me espiar na porta e ver se estava tudo bem comigo, afinal, eu demorei para me adaptar, por conta disso, várias vezes você teve que sair da sua aula para ficar na minha sala junto comigo.

Você sempre foi por mim, é quem até hoje compra as minhas roupas, é quem me ajuda a convencer a mãe liberar minhas aventuras mais insanas, é quem me apoiou nos meus maiores medos e nas maiores alegrias.

Foi com você que compartilhei a felicidade de ter mais uma irmã e a tristeza de perder. É você que eu sempre adorei irritar e ver nervosa, sei que só eu tenho esse dom. Vivenciei as melhores noites ao seu lado, pois seu sonambulismo sempre me assustou mas me divertiu muito mais.

Ontem quando te vi de noiva um filme me passou, aquela garota que sempre foi o exemplo da família se casando, a minha Tata. Voltei para a fila dos padrinhos chorando e assim permaneci durante a cerimônia. Ver você indo ao encontro do Thiago ao som de "My Girl" nossa música de infância, quando assístiamos "Meu Primeiro Amor" e sonhávamos com esse momento, fez a emoção e as lembranças reinarem em mim.

Aguentei enquanto pude, não deixar as lágrimas escorreram, afinal, você havia me falado horas antes, enquanto nos arrumávamos no salão, que eu não podia chorar para não borrar a maquiagem. Porém a hora dos cumprimentos dos padrinhos eu não aguentei, no momento em que eu te abracei eu só conseguia chorar, não consegui falar nada e só lembro de você me dizendo aos prantos: eu te amo tata, amo você!

Motivo pelo qual escrevo este texto, pois quero deixar registrado que eu tive uma infância digna de ser lembrada com muita felicidade e sou feliz até hoje, porque eu tive uma irmã como você para compartilhar tudo comigo. Desde as tristezas, revoltas, fatos engraçados, roupas, felicidade, até chocolates, doces. Obrigada pelos 21 anos de sincera irmandade que no momento se renova para se adaptar a esta nova fase da sua vida.

Agora é acostumar a dormir sozinha no quarto que sempre foi nosso, encher o quarda-roupa e algumas gavetas que ficaram vazias. Ah! E por favor, avisa a mãe que você não voltará tarde da noite, pois ela não cansa de pedir para eu não deixar a chave na porta para você conseguir abrir, aí nos tocamos que agora somos só nós duas, e rimos.

Parabéns pelo casamento, foi LINDO! Parabéns pela escolha do noivo. Parabéns pela casa.
O que me resta? Aguardar os cafés que tomarei na sua bela cozinha, os filmes que assistirei na sua TV grande e a Sophie, minha sobrinha que virá daqui três anos.

Beijão da Tata mala, amo você!



ps: a música do post não poderia ser diferente: My Girl


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terça-feira, 2 de agosto de 2011

O dia que a dona Hilda quase chorou




Há uma semana comemorou-se o dia das avós, quem me conhece sabe o apreço que sinto pela minha. Como eu adoro ir aos domingos em sua casa só para escutar: "Sempre linda e cheirosa" por mais que esteja usando a minha roupa mais vellha. Escutar bronca por não ter ido a alguma reunião de família ou comemoração. Chegar atrasada em algum encontro da família e ouvir a linda senhora de 82 anos dizer: "nossa fia demorou... Agora sim chegou a nossa alegria!"

Me mudei para Campinas e todos os domingos antes de sair da casa da dona Hilda ela me entregava a marmita da semana, com picadinho de legumes que ela faz e sabe que eu adoro.

Tento sempre mostrar o tanto que ela significa para mim, através de palavras, gestos e brincadeiras. Por conta disso no dia das avós resolvi preparar uma surpresa para a Hildinha e reuni meus primos. Fizemos cartazes e eu tirei uma música no violão para ela. Descemos do carro, entramos na casa, com violão em mãos comecei a cantar a seguinte música:

"Vovó, vozinha pra você eu fiz esta valsinha
Vovó, vozinha pra você canto esta musiquinha...

Ela viu a minha mãe nascer
Me carregou quando eu ainda era um bebê
Cuidou de mim como cuida de uma flor
Sua missão é falar de amor

Vovó, Hildinha, eu adoro ser sua netinha
Vovó, Hildinha, pra você eu fiz esta valsinha..."

Enquanto eu tocava, olhava para aquela senhora de olhos castanhos claros, quase esverdeado, segurando as lágrimas que teimavam em escorrer, mas a dona Hilda conseguiu ser mais forte.
Ao término da canção olhou fixo para mim e disse: "Aposto que foi arte sua..." sorriu e me abraçou.

A vó Hilda sempre teve uma paciência imensurável comigo, sempre foi a primeira a vestir minha camisa e me defender por mais errada que eu fosse, esperando o momento em que estivéssemos a sós para ela me reeprender.

Foi a primeira que me incentivou a aprender a tocar violão e fez questão de pagar as três primeiras mensalidades e por mais ruim que tocasse uma música sempre me elogiava e até hoje (falta muitooooo para TOCAR violão, no momento eu ainda brinco) quando chego lá para dormir uns dias na sua casa assim que me vê diz: "não trouxe o violão dessa vez fia?"

Ai, ai dona Hilda o que seria da Mirela e de todos os seus netos que te idolatram se não fosse a senhora em nossas vidas? Como a senhora me disse no meu aniversário de 20 anos: "Eu agradeço a Deus todos os dias, pois você foi a neta que pedi para Ele" eu retribuo hoje que sou eu quem agradeço todos os dias, por tanta ternura, ensinamentos, experiências e o melhor de tudo por me ensinar o que é o amor e como amar.



ps: acho que a minha indicação não poderia ser diferente né?! "Dona Cila" música que a Maria Gadú fez em homenagem a sua avó, a minha felicidade ao escutar essa canção é saber que eu ainda tenho a oportunidade de tocar para minha avó em vida.

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terça-feira, 5 de julho de 2011

Antagonismo


Uma breve contextualização antes de chegar no apogeu que se espera.

A foto acima retrata um fragmento de um dos célebres poemas do Gregório de Matos. Renomado escritor no período do barroco brasileiro.

Conhecido também "Boca do Inferno" por ácidas críticas aos costumes da época, Gregório de Matos se consagrou na nossa Literatura.

Ao assistir a reportagem da última edição do CQC (vídeo abaixo) não pude deixar de notar uma certa semelhança com os fatos que Gregório já criticava na sociedade soteropolitana do século XVII e que infelizmente ainda presenciamos nos dias de hoje.

Poderia citar ínumeros sentimentos que me compõe inspirando-me a redigir este texto, mas prefiro me ausentar da citação deixando um pouco de revolta para cada um que por ventura passe por aqui.





ps: sem dica de música hoje, até porque a ocasião não convém. Mas deixo a dica de um lugar ímpar. Quem não conhece, precisa desvendar o encanto do Museu da Língua Portuguesa, situado em São Paulo, precisamente na estação da Luz, cujo lugar deu vida a foto acima. Sem mais!

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Fantasma


A cronologia se faz presente, na madrugada dos amantes da noite. Versos desconexos são bem vindos, afinal, não se sabe onde dará, mas vão seguindo.

Nesta noite algo despertou, mas como acordar o que ainda não dormiu? Tudo isso não se passa de uma quimera, Freud sorriu.

Espera não vá, preciso conversar, me explica? Acordou... Não! Então sonhou... Olhou mais a frente e avistou. Senhores reconheceu e não acreditou. Não seria Descartes, Shakespeare, Nietzsche, Clarice, Morares? Divagou.

Enquanto duvida, existe, mas ser ou não ser? E a religião onde fica? Não pode! A complexidade se faz deixando a intensidade do momento.

A eternidade e o prazer. A eternidade e o prazer. A eternidade e o prazer. Pensou. Correu. Mas ao perguntar, sentiu um choque terrível. Afastou-se. Quando voltou a olhar viu o médico a te acalmar e a família a chorar.



ps: Esta tarde de segunda-feira está tão agradável (sim! Segunda!) como escutar a voz da Amy Winehouse. Não é nenhuma dica atual o cd "Back To Black", mas não poderia deixar de indicar: "Valerie" que é a melhor música para mim, sonoridade ímpar que na voz da tia Amy fica ainda mais linda!!!


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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Diálogo em Devaneio


...

Ele: Para a verdade existir são essenciais dois fatores: conhecimento e realidade.
Estes podem mudar com o tempo tornando a verdade vulnerável.

Ela: ...

Ele: Eu quero mudar seu conhecimento sobre o futuro, transformar sua realidade.

Ela: ...

Ele: Através disso posso me tornar sua verdade, só através disso! Deixa?

Ela sorri, vira as costas, fecha a porta. Em silêncio ...



ps: Um amigo de faculdade me indicou um cd de uma cantora britânica chamada Adele, escutei sem menor estusiasmo (devo admitir), mas quando tocou "One and Only" não pude negar que a garota tem um mega talento e uma voz fantástica. Me lembrou até a tia Amy Winehouse. Fica a dica, o nome do cd é 21.


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