domingo, 22 de março de 2009

A Janta com Dom Casmurro

No caminho da minha casa até o ponto de ônibus, vou escutando música. E por conta disso, para não cair na mesmice, tento sempre que posso baxar cds que preciso ter na minha coleção, mas por falta de tempo monetário, ainda não tenho.
O CD da vez foi do Marcelo Camelo “Sou”, ou se preferir, “Nós” (eu prefiro o segundo nome). Quando o Los Hermanos entrou em recesso (na época não era fã) cheguei a conversar com um amigo sobre isso, e ele disse: “Já posso prever o destino deles, o Camelo fará um cd de mpb; e o Amarante juntará com alguma turma e fará algo voltado para o rock”. Agora que conheço o trabalho dos caras, posso afirmar que isso era bem óbvio. Como fã da banda, e principalmente da mensagem que eles traziam, e trarão, tenho que admitir que esse recesso foi ótimo. Pois se não acontecesse o Camelo não criaria seu primeiro trabalho solo.
Não sou critica de música (um dia serei, mas por enquanto passo longe disso), por isso escreverei a minha percepção quanto ao cd, os arranjos, as letras.
Fazia um bom tempo que não escutava algo tão místico, que não me deliciava com a melodia, e ao mesmo, conseguia me concentrar na letra. Sabe aquela sensação de paz? Aquela sensação de que o mundo pode acabar, mas você morreria feliz, pelo fato de morrer escutando algo tão peculiar?!
Para aqueles que não gostam de músicas bem trabalhadas; que demora um tempo, depois que a melodia começou, para entrar a letra; tentem escutar este trabalho. De preferência na calada da noite, pois é um álbum para você ouvir de madrugada. Quando as correntes se quebram e você se entrega para si mesmo, para os seus pensamentos. Pode ter certeza que as 14 faixas farão uma bela trilha sonora desse momento.
Como aconteceu comigo na sexta-feira. A última música que escutei no mp5, antes de desligá-lo para conversar com Bentinho, mais conhecido por Dom Casmurro, foi “Janta”. E por ter sido a última música, fiquei com ela na cabeça.
Mas quando Dom Casmurro começou a relatar-me um momento que viveu com Capitu, entreguei-me. Entreguei-me para o livro, para a música, para emoção, e para o momento. Senti o coração pulsar mais forte, e dei aquele sorriso involuntário que nasce e morre no cantinho da boca.
Antes de continuar lendo este post, clique no play logo abaixo, e leia-o com a música de fundo:



"Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro...
Em verdade não falamos nada, o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas as quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros. As mãos unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham..."

Agora mais do nunca tenho certeza que Machado vai muito além do Realismo e da Modernidade. Eu nunca entendia quando o pessoal me falava que para compreender e admirar Machado de Assis é preciso senti-lo. Que bom que não precisei de muito tempo para isso. E o que é melhor, pude contar com uma super trilha sonora desse momento.
Esses dois Ms têm um lugar todo especial na minha vida.

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quinta-feira, 12 de março de 2009

Por Enquanto

Em noites chuvosas me pego pensando em você
Imagino como deve ser cuidar dessas crianças perdidas
Maltratadas, humilhadas.

Em noites chuvosas me pego pensando em você
Lembro como deve ser amanhecer sem o pão para comer
Sem o direito de viver

Em noites chuvosas me pego pensando em você
Dando a vida pelos outros, fazendo o que acha ser certo
E muitas vezes mal interpretado é condenado pelo sistema

Em noites chuvosas me pego pensando em você
Iludo-me com a sua chegada, e percebo que não desistirá
Pois tem muito que caminhar.

Em noites chuvosas? Eu ainda estarei com você.

Ao som da saudosa Cássia Eller.
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terça-feira, 10 de março de 2009

Afogada Por Mim

Porque às vezes é preciso enfrentar o medo do novo, da mudança, da VIDA!

Boa Semana!

Esutando Tio Gil na calada da noite, existe coisa melhor?! Créditos para Central Perk, pois escutei (e relembrei) Esotérico passando por lá.

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domingo, 8 de março de 2009

A Grande Virada

Não gosto muito de convencionalismo. Essa coisa de Dia das Mulheres, Dia das Mães, Dia das Crianças, Dia da Consciência Negra.
Não se pode falar eu te amo e valorizar a mulher apenas nestes dias; prestar atenção num simples sorriso de uma criança somente no dia 12; sentir o arrependimento e tentar mudar, já que é quaresma; e refletir sobre os problemas que os negros enfrentaram (e ainda enfrentam), porque o dia “obriga” a fazer isso, já que em algumas cidades esse dia é considerado como feriado. Esses acontecimentos – fatos – não se resumem em 24 horas.
Mas hoje me renderei a esse tal de convencionalismo, e espero que seja somente hoje, pois não quero ter dias certos para questionar, discutir e observar esses tipos de “comemorações”.
Há uma semana vejo as chamadas de um canal de TV a cabo para o Dia Internacional da Mulher, e para comemorar o dia de hoje eles exibirão durante essas 24 horas: filmes, clipes, documentários, e afins. Em homenagem à elas. Me interessei por um dos filmes e me programei para vê-lo.
Acordei às 08h30 em pleno domingo (quem me conhece sabe, como eu adoro acordar cedo) só para ver o tal filme que chamou minha atenção. Às 09h00 estava deitadinha no meu querido sofá e observando o filme que começava. De cara pensei: “Acho que não é esse filme, devo ter visto o horário errado”. E logo em seguida o Tom Cruise entra em cena. Voltei para os meus botões: “Ai caramba é esse mesmo, não acredito que não é do jeito que imaginei”. Mesmo assim não desisti, continuei assistindo, esperaria até a cena da chamada do filme, se até lá eu realmente não me interassasse eu pararia (cena essa por sinal que só vi no final do filme).
O enredo prosseguiu, e lá pelo meio dele meus neurônios começaram a entrar em erupção, e quando acontece isso não sei se fico feliz ou triste, pois tenho que me dividir. Uma Mirela tenta prestar atenção no filme, e a outra se dedica aos seus pensamentos. Dessa vez (acho que) obtive sucesso.
Veio a seguinte pergunta: Do que nós mulheres realmente gostamos? (referente aos homens). O que eles precisam fazer para nos deixar completas? Lembrei-me também, do Marco Luque na apresentação do seu stand up, pois ele lança a pergunta: “Por que vocês mulheres têm que ser tão preocupadas e teimosas? O que nós precisamos fazer para agrada-las?”
Respondendo a minha pergunta e a indagação do Luque, a resultante foi:
Ao longo da História nos foi passado que não devemos fazer isso, sentir aquilo, pensar tal coisa, escolher o que realmente queremos. E ao passo que isso foi mudando e começamos a conquistar nosso espaço na sociedade, os homens esqueceram que podemos apóia-los e ajuda-los, sermos suas companheiras; e passaram a travar com nós, uma forte concorrência. Não apenas no mercado de trabalho, mas na parte sentimental, amorosa, conjugal.
Isso tornou algumas mulheres, em mulheres de ferro, as conhecidas feministas intoleráveis; algumas inseguras, pois não sabem até que ponto o homem é verdadeiro; outras dramáticas; e também as conhecidas teimosas, pois odeiam “dar o braço a torcer”.
O que realmente queremos? Queremos ser amadas, sem precisar implorar por isso, e que seja de forma natural. Queremos encontrar em nossos companheiros a amizade, a compreensão, a fidelidade e o carisma. Mas nada forçado; nada batalhado; nada pensado. Tudo verdadeiro e simples, como tem que ser.


A propósito o nome do filme, é o nome do título desse post. Quem não conferiu (acho meio improvável pois é de 1996) confira. Não foi à toa que ganhou Globo de Ouro, e concorreu ao Oscar de Melhor Filme.

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sábado, 7 de março de 2009

História, Literatura e Arte Caminham Juntos!

A Metáfora do Sertão em pleno século XXI. Ainda existe isso?

Escutando o novo cd de Victor e Léo, se não me engano traz como título o nome de ”Borboletas”, notei algo muito arredio. E precisei resgatar dessa minha memória que anda um tanto ausente comigo, os períodos literários que passamos para que chegássemos ao século XXI.
Quinhentismo, marcado pela era colonial; Barroco, acompanhado com a Santa Inquisição – tento, mas não compreendo porque Santa antecede Inquisição, já que de “divino” não tinha nada. Arcadismo, pronto, chegamos onde eu queria. Período literário que traz consigo a vida no campo, como um dos temas centrais, a idéia de fugir da cidade para buscar uma vida simples, um lugar ameno e agradável, sem luxo. E, em uma das músicas do Victor e Léo diz: “Nunca vi ninguém viver tão feliz, como eu no sertão. Perto de uma mata e de um ribeirão, Deus e eu no sertão”.
O Arcadismo foi de 1768 a 1838, e depois desse período a sociedade passou por várias transformações literárias. Romantismo, com obras do engajado Castro Alves; Realismo do nosso saudoso Machado de Assis; Naturalismo; Parnasianismo; Simbolismo; Pré Modernismo; para que então chegássemos na era Moderna. Foram transformações literárias e sociais, Revolução Francesa, Independência do Brasil, Abolição dos Escravos, Segunda Revolução Industrial, Primeira e Segunda Guerra Mundial, Guerra Fria.
Eu não entendo, passados séculos, com uma afamada metamorfose ambulante dessas (inesquecível Rauzito) alguém ainda consiga escrever letras tão mesquinhas. Pergunto-lhe, do que adiantou a briga de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, para que fossem escritas obras relevantes para sociedade, que fizessem a sociedade pensar, analisar a sua volta, analisar por quem você é comandado e como é comandado? Ou melhor, músicos como Gonzaguinha, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, que deram a cara a bater durante a ditadura que o Brasil viveu. Para que serviu tanta revolta? De que adiantou serem vanguardas da música brasileira? Para chegar artistas do século XXI e voltar séculos fazendo jus há um tempo que não existe mais?

É fácil escrever “das horas não sei, mas vejo o clarão, lá vou eu cuidar do chão. Trabalho cantando, a terra é a inspiração, Deus e eu no sertão”. Pois não precisa pensar muito, só relatar algo que é óbvio, ou melhor, era óbvio, já que hoje em dia a tecnologia também atingiu o sertão.

A dupla iludi-se com o sucesso, e a sociedade se iludi com suas letras. Por isso me revolto quando vejo músicos e bandas boas, saindo do mercado, músicos que realmente oferece uma visão da sociedade do século XXI, letristas que dizem através de suas músicas verdades como: “Todo dia um ninguém José acorda já deitado. Todo dia, ainda de pé, o Zé dorme acordado. Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia. Toda trilha é andada com fé de quem crê no ditado, de que o dia insiste em nascer”. Mas sei que de nada adianta revoltar-me, pois o que o povo gosta é de música que gruda, ou música de fácil entendimento. Victor e Léo? Ainda vão longe meu povo.

Ao som de Elis Regina, tive mais certeza dessas MINHAS afirmações!

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