sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

... Nos Trombamos



Maratona

Aí, o olhar ficou abrangente
Ficou abrangente e carregado
Da melancolia dominical
Da melancolia e do topo
Duma montanha curta montanha meio verde
De uma porção de árvores tropicais e verdes
E um céu rosado cubano de Havana
E da quietude...

Pra uma praia, balneário, talvez
Lá do Sul do país do Brasil
Lá pra umas seis horas e lá vai minutos
Numa manhã que choveu há uns dez
E a rocha quase preta porque a água
Bate nela da onda do mar
Que carrega uma doçura meio infância

E uma fogueira
Vestígios e retalhos de vida humana verdadeira
Diálogo alegre por ser alegre
E algumas garrafas de vinho ao redor
Sem todo aquele ar carregado do dia-a-dia-a-dia
E uma covinha no sorriso
E alguns pedaços de docinhos americanos
E a leveza de uma pluma

Um jardim urbano com um violão e tal
E um inverno tropical de dimensão dos pólos
E uma canção Louis Armstrong ou Chet Baker
E cachecóis e jaquetas e moletons
E seco, seco, seco,
O ar
E a garota, com seu sorriso aberto
De dentes abertos e de voz grossa e de jeito muleca
E seu andar todo diferente

E as garotas de duas dezenas
De primaveras e de invernos dos pólos
Preenchidas de maturidade e de saturação
Diferente de todas elas
E sua mochila nas costas e sua arte inocente
E seus tênis e não seus sapatos
E seus brincos de praia não-diamantes

Corre, corre, corre, corre

Para um jardim urbano, litoral catarinense
Pra floresta cubana, ou qualquer lugar mais perto do mundo
E nos trombamos nos meridianos
E nos desertos chilenos e nas constelações
A diferença é que ela corre
Pra qualquer lugar mais perto do mundo
E eu corro o contrário

E nos trombamos...


Fábio Visnadi


ps: não poderia indicar outra música além de "Todas Elas Juntas Num Só Ser" do Lenine, regravada recentemente pela Ana Carolina, apesar de preferir a versão original, indico a releitura por compor uma das faixas do cd: "Ensaio de Cores", novo projeto da cantora, no qual faz a junção de duas artes, pintura e música.


ps¹: quanto a poesia só declaro que neste mundo existem acontecimentos, fatos, que não entendemos, duas almas distintas saber que se encontrariam, mesmo sem se conhecerem, quem explica? Eu não sei, mas agradeço, por saber dessa existência que vai além da minha filosofia.


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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Quem Explica?


Ana amava Roberto que amava João
João e Roberto namoraram
João deixou Roberto pois se encantou por Carol
Tiveram um filho
Roberto reapareceu
Novamente com João se envolveu
Carol adoeceu
João por anos sofreu
Que de tanto remorso morreu
Lucas que não tinha culpa de nada
Foi criado por Ana que ainda amava Roberto que ainda amava João



ps: uma das músicas que mais gosto do "Mutantes": "It's Very Nice Pra Xuxu", mas apesar de preferir a versão original indico a releitura feita pelo Marcelo Jeneci, pois piano por si só já é digno de atenção, tocado por esse multi-instrumentista mais ainda...

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

My Girl


Casa cheia, presentes espalhados pelo quarto, o que ganhou, comprou, faltou, eram os assuntos do café da manhã durante essas semanas.

Café da manhã, tá aí, lembro-me bem que eles sempre foram o início da diversão de todos os nossos dias, acordávamos com a mãe trazendo nossas mamadeiras para dar início às competições. Inúmeras vezes você me deixou ganhar, para eu não chorar e ficar emburrada, como uma criança mimada que eu sempre fui.

Era divertido ver você chegar da escola, pois sabia que quando fosse fazer sua atividade eu ficaria ao seu lado, perguntando o que era e do que se tratava. Quando maior, eu na mesma escolinha que você, lembro de você indo me espiar na porta e ver se estava tudo bem comigo, afinal, eu demorei para me adaptar, por conta disso, várias vezes você teve que sair da sua aula para ficar na minha sala junto comigo.

Você sempre foi por mim, é quem até hoje compra as minhas roupas, é quem me ajuda a convencer a mãe liberar minhas aventuras mais insanas, é quem me apoiou nos meus maiores medos e nas maiores alegrias.

Foi com você que compartilhei a felicidade de ter mais uma irmã e a tristeza de perder. É você que eu sempre adorei irritar e ver nervosa, sei que só eu tenho esse dom. Vivenciei as melhores noites ao seu lado, pois seu sonambulismo sempre me assustou mas me divertiu muito mais.

Ontem quando te vi de noiva um filme me passou, aquela garota que sempre foi o exemplo da família se casando, a minha Tata. Voltei para a fila dos padrinhos chorando e assim permaneci durante a cerimônia. Ver você indo ao encontro do Thiago ao som de "My Girl" nossa música de infância, quando assístiamos "Meu Primeiro Amor" e sonhávamos com esse momento, fez a emoção e as lembranças reinarem em mim.

Aguentei enquanto pude, não deixar as lágrimas escorreram, afinal, você havia me falado horas antes, enquanto nos arrumávamos no salão, que eu não podia chorar para não borrar a maquiagem. Porém a hora dos cumprimentos dos padrinhos eu não aguentei, no momento em que eu te abracei eu só conseguia chorar, não consegui falar nada e só lembro de você me dizendo aos prantos: eu te amo tata, amo você!

Motivo pelo qual escrevo este texto, pois quero deixar registrado que eu tive uma infância digna de ser lembrada com muita felicidade e sou feliz até hoje, porque eu tive uma irmã como você para compartilhar tudo comigo. Desde as tristezas, revoltas, fatos engraçados, roupas, felicidade, até chocolates, doces. Obrigada pelos 21 anos de sincera irmandade que no momento se renova para se adaptar a esta nova fase da sua vida.

Agora é acostumar a dormir sozinha no quarto que sempre foi nosso, encher o quarda-roupa e algumas gavetas que ficaram vazias. Ah! E por favor, avisa a mãe que você não voltará tarde da noite, pois ela não cansa de pedir para eu não deixar a chave na porta para você conseguir abrir, aí nos tocamos que agora somos só nós duas, e rimos.

Parabéns pelo casamento, foi LINDO! Parabéns pela escolha do noivo. Parabéns pela casa.
O que me resta? Aguardar os cafés que tomarei na sua bela cozinha, os filmes que assistirei na sua TV grande e a Sophie, minha sobrinha que virá daqui três anos.

Beijão da Tata mala, amo você!



ps: a música do post não poderia ser diferente: My Girl


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terça-feira, 2 de agosto de 2011

O dia que a dona Hilda quase chorou




Há uma semana comemorou-se o dia das avós, quem me conhece sabe o apreço que sinto pela minha. Como eu adoro ir aos domingos em sua casa só para escutar: "Sempre linda e cheirosa" por mais que esteja usando a minha roupa mais vellha. Escutar bronca por não ter ido a alguma reunião de família ou comemoração. Chegar atrasada em algum encontro da família e ouvir a linda senhora de 82 anos dizer: "nossa fia demorou... Agora sim chegou a nossa alegria!"

Me mudei para Campinas e todos os domingos antes de sair da casa da dona Hilda ela me entregava a marmita da semana, com picadinho de legumes que ela faz e sabe que eu adoro.

Tento sempre mostrar o tanto que ela significa para mim, através de palavras, gestos e brincadeiras. Por conta disso no dia das avós resolvi preparar uma surpresa para a Hildinha e reuni meus primos. Fizemos cartazes e eu tirei uma música no violão para ela. Descemos do carro, entramos na casa, com violão em mãos comecei a cantar a seguinte música:

"Vovó, vozinha pra você eu fiz esta valsinha
Vovó, vozinha pra você canto esta musiquinha...

Ela viu a minha mãe nascer
Me carregou quando eu ainda era um bebê
Cuidou de mim como cuida de uma flor
Sua missão é falar de amor

Vovó, Hildinha, eu adoro ser sua netinha
Vovó, Hildinha, pra você eu fiz esta valsinha..."

Enquanto eu tocava, olhava para aquela senhora de olhos castanhos claros, quase esverdeado, segurando as lágrimas que teimavam em escorrer, mas a dona Hilda conseguiu ser mais forte.
Ao término da canção olhou fixo para mim e disse: "Aposto que foi arte sua..." sorriu e me abraçou.

A vó Hilda sempre teve uma paciência imensurável comigo, sempre foi a primeira a vestir minha camisa e me defender por mais errada que eu fosse, esperando o momento em que estivéssemos a sós para ela me reeprender.

Foi a primeira que me incentivou a aprender a tocar violão e fez questão de pagar as três primeiras mensalidades e por mais ruim que tocasse uma música sempre me elogiava e até hoje (falta muitooooo para TOCAR violão, no momento eu ainda brinco) quando chego lá para dormir uns dias na sua casa assim que me vê diz: "não trouxe o violão dessa vez fia?"

Ai, ai dona Hilda o que seria da Mirela e de todos os seus netos que te idolatram se não fosse a senhora em nossas vidas? Como a senhora me disse no meu aniversário de 20 anos: "Eu agradeço a Deus todos os dias, pois você foi a neta que pedi para Ele" eu retribuo hoje que sou eu quem agradeço todos os dias, por tanta ternura, ensinamentos, experiências e o melhor de tudo por me ensinar o que é o amor e como amar.



ps: acho que a minha indicação não poderia ser diferente né?! "Dona Cila" música que a Maria Gadú fez em homenagem a sua avó, a minha felicidade ao escutar essa canção é saber que eu ainda tenho a oportunidade de tocar para minha avó em vida.

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terça-feira, 5 de julho de 2011

Antagonismo


Uma breve contextualização antes de chegar no apogeu que se espera.

A foto acima retrata um fragmento de um dos célebres poemas do Gregório de Matos. Renomado escritor no período do barroco brasileiro.

Conhecido também "Boca do Inferno" por ácidas críticas aos costumes da época, Gregório de Matos se consagrou na nossa Literatura.

Ao assistir a reportagem da última edição do CQC (vídeo abaixo) não pude deixar de notar uma certa semelhança com os fatos que Gregório já criticava na sociedade soteropolitana do século XVII e que infelizmente ainda presenciamos nos dias de hoje.

Poderia citar ínumeros sentimentos que me compõe inspirando-me a redigir este texto, mas prefiro me ausentar da citação deixando um pouco de revolta para cada um que por ventura passe por aqui.





ps: sem dica de música hoje, até porque a ocasião não convém. Mas deixo a dica de um lugar ímpar. Quem não conhece, precisa desvendar o encanto do Museu da Língua Portuguesa, situado em São Paulo, precisamente na estação da Luz, cujo lugar deu vida a foto acima. Sem mais!

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Fantasma


A cronologia se faz presente, na madrugada dos amantes da noite. Versos desconexos são bem vindos, afinal, não se sabe onde dará, mas vão seguindo.

Nesta noite algo despertou, mas como acordar o que ainda não dormiu? Tudo isso não se passa de uma quimera, Freud sorriu.

Espera não vá, preciso conversar, me explica? Acordou... Não! Então sonhou... Olhou mais a frente e avistou. Senhores reconheceu e não acreditou. Não seria Descartes, Shakespeare, Nietzsche, Clarice, Morares? Divagou.

Enquanto duvida, existe, mas ser ou não ser? E a religião onde fica? Não pode! A complexidade se faz deixando a intensidade do momento.

A eternidade e o prazer. A eternidade e o prazer. A eternidade e o prazer. Pensou. Correu. Mas ao perguntar, sentiu um choque terrível. Afastou-se. Quando voltou a olhar viu o médico a te acalmar e a família a chorar.



ps: Esta tarde de segunda-feira está tão agradável (sim! Segunda!) como escutar a voz da Amy Winehouse. Não é nenhuma dica atual o cd "Back To Black", mas não poderia deixar de indicar: "Valerie" que é a melhor música para mim, sonoridade ímpar que na voz da tia Amy fica ainda mais linda!!!


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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Diálogo em Devaneio


...

Ele: Para a verdade existir são essenciais dois fatores: conhecimento e realidade.
Estes podem mudar com o tempo tornando a verdade vulnerável.

Ela: ...

Ele: Eu quero mudar seu conhecimento sobre o futuro, transformar sua realidade.

Ela: ...

Ele: Através disso posso me tornar sua verdade, só através disso! Deixa?

Ela sorri, vira as costas, fecha a porta. Em silêncio ...



ps: Um amigo de faculdade me indicou um cd de uma cantora britânica chamada Adele, escutei sem menor estusiasmo (devo admitir), mas quando tocou "One and Only" não pude negar que a garota tem um mega talento e uma voz fantástica. Me lembrou até a tia Amy Winehouse. Fica a dica, o nome do cd é 21.


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domingo, 1 de maio de 2011

E se...


Ela não sabe mais o que pensar
Na verdade nem sabe se ainda sente
Mas ontem ao término da balada chorou
Sentiu não se sabe o quê
Dançou chorando, com os olhos fechados, imaginando
O impossível acontecer

Com o aviso da luz voltou para casa
A medida que andava pensava
Como poderia ter sido se...
Se despediu do sol pela janela
E novamente dormiu!



ps: Como uma boa fã, nessas últimas semanas só sei escutar "Toque Dela" novo cd do Marcelo Camelo. Indico a melhor música da obra: "Meu Amor é Teu".


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sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Primeiro Festival


Estava eu no twitter quando vejo a seguinte informação: Los Hermanos tocará no SWU.
Gritei: PUTAAA QUE PARIUUU EU NÃO ACREDITOOO!!!! (essa parte foi um grito interno) MÃEEEE LOS HERMANOS TOCARÁ EM UM FESTIVALL... (essa foi externa)


Será necessário uma pequena pausa, para explicar o que a banda simboliza para mim...


Como todos que por ventura estão lendo este post, também conheci Los Hermanos por: "Anna Júlia" na época eu tinha apenas nove anos de idade. Não sabia o que era uma banda, curtia sertanejo e pagode (sim! Eu já gostei disso - passado cruel eu sei! admito!)

Conheci o que era música quando tinha doze anos de idade, em meados de 2002, e foi através da banda Legião Urbana. Fiquei fã, mas infelizmente o Renato Russo havia morrido há seis anos, ou seja, nada mais de banda. Nunca poderia(ei) ver o show dos caras, nunca!!!

Um dos primeiros cds da minha coleção (sim! Eu faço coleção de cds, não se assuste, me orgulho disso!) foi dado pela minha irmã, o título era: "Perfil - Los Hermanos" na primeira escuta me apaixonei, virei fã, comprei a discografia inteira. O ano era de 2008. O que isso significa? A banda entrou em recesso (prefiro pensar assim) em 2007. Acertou! Novamente fiquei fã de uma banda que não "existia(e)" mais.


Agora podemos voltar ao início do post


Você pode imaginar o que senti quando descobri que poderia ver o show da banda que eu tanto sou fã? Que tinha esta oportunidade mesmo a banda não "existindo" mais?

Para quem não sabe, SWU foi um festival de rock que ocorreu o ano passado (2010). Los Hermanos tocou no primeiro dia, mesmo dia de Rage Against The Machine. Não conhecia ninguém que fosse neste dia e não consegui convencer ninguém a ir comigo mas descartei qualquer possibilidade de não ir. Descobri que uma loja de rock da cidade vizinha havia alugado ônibus para ir ao Festival, paguei e fui.

Por mais que eu tente descrever ainda faltará detalhes do que foi o SWU, do que foi o show dos Los Hermanos e o que era o show da banda Rage Against The Machine.

A noite fazia 8ºC e eu estava sem blusa, gritando, berrando música por música. Me emocionava com a galera aos berros: "VOLTA LOS HERMANOS", vibrava a cada acorde, cada fala, cada tudo!
Acabou o show e eu não acreditava que havia vivido e visto tudo aquilo, estava estagnada, emocionada e muito feliz!

O que eu não sabia era que o melhor ou pior estava por vir. Não tinha a menor idéia da história do Rage Against The Machine. O pessoal que fiz amizade no festival só falava assim para mim: "Mi, fica com as pernas abertas, não caia, se você cair, você morre!" Eu ria, ri até o começo do show, depois quase chorei.

Quando o show dos caras começou eu não pulava, pulavam por mim, eu virei qualquer coisa, ser humano eu não era mais, perto dos marmanjos que lá estavam. Não tinha o menor conhecimento do que era bater cabeça, também descobri lá quando vi acontecer do meu lado. Comecei a ficar sem ar, a passar mal e quase sai carregada. A minha salvação veio com o garoto da turma que eu estava, pois foi ele que conseguiu me tirar de lá, me arrastando literalmente, agarrei nele e só soltei quando notei que estava em um lugar onde eu podia sentir minhas pernas e braços.

Desse lugar consegui curtir o show e que show!!! Os caras tocaram muito, o baixista então...

Cheguei em casa às 07h da manhã do dia seguinte, feliz e orgulhosa e ter encarado meu primeiro festival sozinha!




ps: Meus pais só descobriram que era um Festival de Rock um dia antes de eu ir. Eles abominam rock, para conseguir comprar o ingresso eu disse apenas que era um Festival de Música. Não menti, pois não deixou de ser um Festival de Música, quando descobriram do que se tratava não queriam deixar, mas como eu já tinha comprado o ingresso...

ps¹: Não me vejo indicando outra música a não ser "Último Romance" adoro todas as músicas da banda, mas por ela eu tenho um carinho mais especial.


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domingo, 27 de março de 2011

...

Não quero citar Clarice para impressionar
Cantar Vinicius para emocionar
Machucar se por acaso telefonar
Me entregar para chorar...

Quero o silêncio
Quero a razão
Quero por inteiro!


ps: Ao som de Nana Caymmi qualquer ser fica inspirado. A voz dessa mulher é penetrante, me deixa em êxtase. "Poupar Coração" dispensa qualquer outro comentário.

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segunda-feira, 14 de março de 2011

O Desabafo de uma (ex)Vestibulanda


O novo sempre me seduziu, em contrapartida, sempre me amedrontou.

Se eu escrevesse tudo o que me ocorreu desde o post abaixo, o mais radical dos seres adoraria, pois adrenalina foi o que não faltou. Aos interessados, tentarei resumir (prometo!).

Fiz a mochilinha como mencionado (se tiver paciência de passar por aqui novamente, terá um post sobre tal experiência), no segundo dia de viagem, em Belo Horizonte, uma amiga me liga para dar os parabéns pelo fato de eu ter passado na Universidade Federal do Maranhão (vai por mim... Não queira saber o porquê da escolha). Entrei em contato com o MEC para saber se eu poderia esperar outros resultados, afinal, eu poderia ficar no meu estado ou até mesmo região. Foi respondido que não teria problema algum aguardar, pois a vaga era minha.

Tudo lindo, resolvi terminar a mochilinha e esperar os resultados até meados de fevereiro, se não rolasse nada por aqui, iria sem problema para região onde deu origem a famosa carta do nosso amigo Pero Vaz de Caminha. Assim fiz.

Não rolou (prefiro não comentar o motivo, pois cada vez que lembro tenho vontade de me bater!), preparei a família para a minha partida ao Maranhão, vi passagem, kitnet, liguei na Universidade para me informar sobre a documentação necessária para levar. Ao que recebo a informação que havia perdido a vaga pois deveria ter feito a matrícula na semana que saiu o resultado. Discuti com a reitoria, discuti com o MEC, em vão, é claro!

Opção? Aguardar mais um pouco ou esperar até o segundo semestre para Universidade Federal de Ouro Preto. Fiquei tranquila, deixei que os fatos sucedessem por si só.

Em uma tarde na casa da minha tia, abri meu email, li uma mensagem do MEC que dizia que era o último prazo para tentar bolsa em Instituição Particular com a nota do ENEM (e todas aquelas informações). Sem pretensão alguma me inscrevi e deu certo. Ganhei bolsa integral para estudar na PUC. Após pensar e conversar bastante com a família e amigos resolvi ir.

Me mudo para Campinas amanhã, em uma kitnet que não conheço, com uma menina que não conheço, em um lugar que não conheço.

O que penso de tudo isso é que os fatos acontecem porque TEM que acontecer. Podemos escolher, brigar, lutar, chorar, mas com o tempo percebemos que determinadas metas vão além de nossas decisões. Se é Deus, acaso, destino, força maior, não sei, mas eu vou descobrir o porquê dessa mudança e de peito aberto.



ps: Tenho escutado muita música boa de figurinhas novas no cenário durante esses dias. Mas me trairia se não indicasse "O Mundo é Um Moinho" do mestre Cartola, tanto pela lindíssima versão quanto pelo momento de transição em que passo...

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domingo, 16 de janeiro de 2011

Inha Inha Inha... Rumo a Mochilinha

Foto tirada quando ainda sonhávamos com nossas cartas!
Alguém ainda tem alguma dúvida que a viagem será mais que engraçada?

Viverei um ano em uma semana, que por sinal é esta que se inicia hoje. Tenho a 2ª fase da Unicamp pela frente e também tenho que decidir a Federal que optarei com o meu resultado do ENEM, mas o melhor de tudo, sendo este o motivo pelo qual escrevo no momento, é que meu mochilão (na verdade mochilinha) se iniciará na sexta-feira.

Tudo começou no dia em que eu estava indo para o Hopi Hari, comemorar os quatro anos de existência da agência onde trabalhava, conversando com o @Foncati sobre projetos futuro, de passar em uma Universidade, fazer mochilão pela Europa e assim por diante, ele me conta que percorreu de carro com a esposa, grande parte da Bahia e de Minas Gerais (principalmente a região do cerrado). Foi compartilhando comigo as vivências, os fatos engraçados, a experiência. Chegamos no parque!

Na volta para nossas respectivas casas o @Foncati retoma o assunto do projeto mochilão e diz: "Mirela você não precisa usar a Universidade como muleta, junta dinheiro, vai para Europa faz o seu mochilão, você é nova, voltará com outra cabeça, quem sabe até mude de curso..."

Fiquei com a idéia do mochilão na cabeça, mas a Europa para mim no momento seria praticamente impossível, até porque quero ir para lá defender um projeto, tese ou algo do tipo. Então tá Mirela pensa, Argentina? Uruguai? Chile? Os três países juntos? Não, não é isso! Pensa mais um pouco... BRASIL! É claro! Como poderia fazer uma viagem para outro país ou até mesmo continente sem conhecer direito meu próprio país. Mas o Brasil inteiro? Não vai dá, tenho menos de um mês para completar a viagem e menos de um ano para guardar dinheiro. Pensa novamente... Conhecer por cidades? Não! Estados? Também não! Quero algo que tenha ligação... Tá aí, conhecerei por região.

Depois de refletir novamente decidi começar pela região Sudeste. Fui juntando dinheiro sem revelar para ninguém a idéia (na verdade revelei apenas para uma pessoa que deu a maior força!). Decidi ir contando aos poucos e "LOUCA" foi a palavra mais usada pelas pessoas que iam descobrindo o projeto. Um novo dilema apareceu: ir sozinha ou convidar alguém? Ir sozinha ou convidar alguém? Optei por convidar. Tá, mas quem? Neurônios a mil novamente. Óbvio, ela topará.

Em uma tarde de sábado em um boteco da cidade, já um pouco alegre, compartilho o projeto com uma amiga, na verdade a melhor amiga (aquela que sabe até quando caguei! rs), ela topou de cara. No outro dia sã, liguei para confirmar, afinal o sim poderia ter vindo sob efeito alcoólico. De princípio ela rio e disse: "Então era verdade?". Respondi: "Claro que era! Pelo jeito irei sozinha então...". Retrucou: "Não! Eu vou, só vou falar oficialmente com meus pais, mas vou".

A partir disso foi só risada, planos, empolgação e ansiedade. Montamos a rota...
Começaremos por Minas e terminaremos em São Paulo. Para chegar até Minas iremos de avião. De Minas ao Espírito Santo iremos com um trêm que liga os dois estados e vai passando pelas cidades históricas, o tempo dentro da locomotiva? Apenas 14 horinhas. De Espírito Santo ao Rio de Janeiro iremos de ônibus, passaremos por Angra dos Reis e se tudo der certo Paraty. Depois disso voltamos para a terra da Garoa rumo Santa Bárbara d´Oeste encerrando assim nova aventura.

O mais engraçado disso tudo é ver o desespero da minha Mãe que ainda tenta me convencer a não ir. Essa semana mesmo me ofereceu uma guitarra em troca da viagem. E o mais triste é saber que passarei o aniversário da minha avó longe dela, mas ela entenderá, até melhor que eu...

Bora começar a arrumar as malas pois tenho uma região inteirinha esperando por mim e pela Lê Forti para ser desvendada.

Volto em breve com altas aventuras.

ps: Aquele serzinho ao meu lado na foto acima do post (que toda vez que olho dou muita risada de tão ridícula!) que será minha companheira na mochilinha.

ps¹: Existem inúmeras músicas que poderia ser trilha sonora para mochilinha, mas "De Repente" levou o troféu. Afinal era ela que estava tocando quando decidimos fazer a viagem e é ela que sempre cantamos (Letícia e eu) quando estamos mais alegre que o normal... hahaha


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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Grito do Silêncio


Sou o fantasma o desassossego
Sou o desespero a farsa

Sou o passado impostor a dor

Sou a mentira a infidelidade
Sou o amor omisso a vontade

Sou a felicidade louca o medo do futuro

Sou o riso o choro

Sou a saudade o lamento

Sou a lembrança o tormento

Sou o som o silêncio
O silêncio, o silêncio, o silêncio...


ps: Inspiração é algo que vem sem aviso prévio, se bem que depois de quarenta minutos absorvendo as obras do tio Chico não é de se assustar que ela apareça.

ps¹: Até mesmo como forma de retribuição minha indicação só poderia ser esta: "Se ao te conhecer dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, rompi com o mundo, queimei meus navios, me diz pra onde é que ainda posso ir
..." É difícil, mas para mim, essa ainda é a mais linda dele, pois até o momento, foi a única que chorei quando escutei pela primeira vez.

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Amor é Tão Longe


Perdi-me do nome
Hoje pode chamar-me de tua
Dancei em palácios
Hoje danço na rua

Vesti-me de sonhos

Hoje visto as bermas da estrada
De que serve voltar

Quando se volta para o nada
Eu não sei se um anjo me chama

Eu não sei dos mil homens na cama

E o céu não pode esperar

Eu não sei se a noite me leva

Eu não ouço o meu grito na treva

O fim quer me buscar

Sambei na avenida
No escuro fui porta-estandarte

Apagaram-se as luzes

É o futuro que parte
Escrevi o desejo
Corações que já esqueci

Com sedas matei

E com ferros morri

Eu não sei se um anjo me chama

Eu não sei dos mil homens na cama

E o céu não pode esperar

Eu não sei se a noite me leva
Eu não ouço o meu grito na treva

E o fim quer me buscar

Trouxe pouco

Levo menos

A distância até o fundo é tão pequena

No fundo, é tão pequena

A queda

E o amor é tão longe
O amor é tão longe

O amor é tão longe

O amor é tão longe


Balada de Gisberta - Pedro Abrunhosa


ps: Qualquer argumento meu é totalmente vago perto da arte acima. A única pessoa que conseguiu deixá-la ainda melhor foi a Maria Bethânia, mas recomendo a busca pelo o que está por trás da poesia.


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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ainda em 2010...

e que venha 2011 com gente fina, elegante e sincera


Retomando a retrospectiva começada ali embaixo...


Foi o ano que mais amei minha família, amigos, amores; mais entreguei-me por inteira aos momentos felizes mas principalmente aos tristes, pois através deles consegui levantar muito mais forte e encarar se preciso tudo novamente e com o peito aberto.

Foi o ano que mais chorei, mais senti, mais sorri, mas vivi...

Tanto me marcou que fiz questão de andar de bicicleta 30 km percorrendo os caminhos pelo qual passei durante esses 365, revivendo; relembrando cada desejo que foi conquistado, cada sonho que foi apenas sonhado, cada lágrima, cada sorriso, cada passo, cada tudo.

Fui recolhendo as lembranças e remontando, para enfim dar o primeiro passo com a bagagem vazia rumo ao novo número: 2011.

O que espero dele? Nada! O que 2011 espera de mim? Tudo! Que assim seja.


ps: É claro que por ser um post retrospectivo, a música eleita só poderia ser a melhor do ano, que para mim sem dúvida alguma - mesmo sendo antiga - foi "Tribalista" dos Tribalistas (ah vá!).
Música por si só é algo que me encanta, mas música inteligente é algo que eleva meu espírito para um lugar abstrato.
"Um dia já fui chimpanzé agora ando só com o pé... São turistas assim como você e seu vizinho dentro da placenta do planeta azulzinho..." Nunca ouvi algo tão belo e explicativo sobre a teoria da evolução. Realmente não poderia ser outra música para representar meu 2010.


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